domingo, 31 de outubro de 2010

Recomeçar...

 SISIFO

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga, Diário XI  


Arte: Franz Von Stuck

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que fazemos com nossas dores...

As pérolas são feridas curadas.

“Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas"...

Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou um grão de areia.

Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada NÁCAR. Quando um grão de areia a penetra, as células do NÁCAR começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada...

Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém?
Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Suas idéias já foram rejeitadas, ou mal interpretadas?
Você já sofreu os duros golpes do preconceito?
Já recebeu o troco da indiferença?

Então produza uma pérola
Cubra suas mágoas com várias camadas de amor. Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento.
A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando as feridas abertas, alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.

Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias”,
não porque não tenham sido feridas,
mas, porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor.
Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes,  fala mais que mil palavras..
(desconheço o autor)

 Arte são as pérolas da vida

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Onde está você agora...

Metade
Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim...
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?...
Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim...
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?...

Adriana Calcanhotto


domingo, 24 de outubro de 2010

A difícil arte de se chegar perto!


"É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."
Fernando Pessoa

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Liberdade de quê?...

SEREI EU
Estava preso.
Quis voar
e dos laços da
minha vida comum
me libertar...

Agora voando
quero repousar
e num lugar seguro
descansar, sonhar...

Acordar feliz
sentindo na alma
a liberdade
de poder ser eu
e não mais atuar
não mais encenar
as várias faces
do eu reprimido.

Agora serei eu
e ninguém mais.

Adavilton Alencar de Sá

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tributo à Edward Hopper - "Man of Sorrows"

A alma da viagem é a liberdade...

A alma de uma viagem
é a liberdade,
a liberdade perfeita,
de pensar, de sentir,
da maneira
como cada
um deseja.
 Partimos para uma jornada
principalmente para
nos livrar
de todos
 os obstáculos e
 inconveniências;
para deixarmos
 nós mesmos para trás,
muito mais do que
 para nos livrarmos dos outros.

William Hazlitt, "On going on a journey", 1822

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Infinitamente Transformar-se

O VERBO NO INFINITO

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinicius de Moraes
Arte: Vladimir Kush

Da construção à R-evolução


O Operário Em Construção

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender
por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou
em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E
olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois
além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que
sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu
trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eu vivo me completando... mas falta um bocado

“Mas não sou completa, não.
Completa lembra realizada.
Realizada é acabada.
Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo.
Eu vivo me completando... mas falta um bocado”.

(Clarice Lispector)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Será que, à medida que você vai vivendo, andando, viajando, vai ficando cada vez mais estrangeiro?
Deve haver um porto."

(Caio Fernando Abreu)


Imagem: Pequeno Príncipe 

Para onde vão os trens?


"Para onde vão os trens meu pai?
Para Mahal, Tamí, para Camirí, espaços
no mapa, e depois o pai ria: também
para lugar algum meu filho, tu podes
ir e ainda que se mova o trem
tu não te moves de ti."

Hilda Hilst






segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Paisagem na janela...

"Sempre posso parar, olhar além da janela.
 Mas do interior do trem em movimento,
nunca é fixa a paisagem."
Caio Fernando Abreu


domingo, 10 de outubro de 2010

Traduzir-se

Arte: Vladimir Kush
Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

"Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"
Ferreira Gullar


Uma parte de mim é visível a outra submersa...
tentam viver em harmonia mas,
é preciso transpor barrreiras...
Por que arte é do Ferreira Gullar
e a minha ... flor no mar...

sábado, 9 de outubro de 2010

Viagem infinita



"Estou sempre em viagem.
 O mundo é a paisagem
 que me atinge
 de passagem "

 Helena Kolody



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meus passos ... Ah! meus passos... até onde eles me permitem ir?



Cântico negro
José Régio

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...


Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...


Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Palavras são só palavras e nada mais...?


Una palabra

Una palabra no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Igual que el viento que esconde el agua
Como las flores que esconde el lodo.

Una mirada no dice nada
Y al mismo tiempo lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro.

Una verdad no dice nada
Y al mismo tiempo lo esconde todo
Como una hoguera que no se apaga
Como una piedra que nace polvo.

Si un día me faltas no seré nada
Y al mismo tiempo lo seré todo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo,
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo.


Uma palavra
Uma palavra não diz nada
e ao mesmo tempo o esconde tudo
Igual ao vento que esconde a água
Como as flores que escondem o lodo.

Um olhar não diz nada
E ao mesmo tempo diz tudo
Como a chuva sobre tua cara
Ao ver um mapa de algum tesouro

Uma verdade não diz nada
E ao mesmo tempo o esconde tudo
Como uma fogueira que não se apaga
Como uma pedra que nasce aos poucos

Se um dia me faltares não serei nada
E ao mesmo tempo serei tudo
porque em teus olhos estão minhas asas
E está a onda onde me afogo
Porque em teus olhos estão minhas asas
E está a onda onde me afogo

Palavras presas ... sentimentos contidos

Poema Preso

"A maioria das doenças que as pessoas têm são poemas presos.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras…
São palavras calcificadas, poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado, prisão de ventre…
Poderiam um dia ter sido poema, mas não…
Pessoas adoecem da razão, de gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida, escorrendo em estado de lágrima.
Lágrima é dor derretida, dor endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida, raiva endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida, alegria endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida, pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor, tempo derretido é poema.
E você pode arrancar os poemas endurecidos do seu corpo
Com buchas vegetais, óleos medicinais, com a ponta dos dedos, com as unhas.
Você pode arrancar poema com alicate de cutícula, com pente, com uma agulha.
Você pode arrancar poema com pomada de basilicão, com massagem, hidratação.
Mas não use bisturi quase nunca,
Em caso de poemas difíceis use a dança.
A dança é uma forma de amolecer os poemas endurecidos do corpo.
Uma forma de soltá-los das dobras, dos dedos dos pés, das unhas.
São os poemas-corte, os poemas-peito, os poemas-olhos,
Os poemas-sexo, os poemas-cílio…
Atualmente, ando gostando dos pensamentos-chão.
Pensamento-chão é grama e nasce do pé,
É poema de pé no chão,
É poema de gente normal, de gente simples,
Gente de Espírito Santo.
Eu venho de Espírito Santo.
Eu sou do Espírito Santo, eu trago a Vitória do Espírito Santo.
Santo é um espírito capaz de operar o milagre sobre si mesmo."



                                                      Viviane Mosé

Viviane Mosé em Pensamento Chão.
É psicóloga, psicanalista, poetisa, mestre e doutora em Filosofia. Viviane já publicou cinco livros, é professora de Filosofia e Psicanálise da Universidade Salgado de Oliveira e da Escola de Psicanálise Formação Freudiana.
Viviane Mosé ficou nacionalmente conhecida quando começou a apresentar, em 2005, o quadro sobre filosofia “Ser ou Não Ser?”, no programa Fantástico, da Rede Globo. O quadro tornou-se um marco na história da TV brasileira, por ser o primeiro a discutir filosofia em rede aberta e no horário nobre.
Também é consultora da Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo, onde atua na reformulação curricular, é palestrante, consultora de empresas e diretora de conteúdo da empresa Usina Pensamento.

domingo, 3 de outubro de 2010

Não há falta na ausência...

Ausência

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Carlos Drummond de Andrade
                                              Estátua de Drummond na praia de Copacabana, Rio de Janeiro

Nas palavras do maravilhoso poeta é possível pensar nas ideias de ausência e de falta. Na ausência existe o registro do objeto amado, pois ele existe inserido em nossas lembranças, memórias, em nossa pele, em nosso ser, pois deixou marcas em nós. Já na falta não houve esta marca, este registro da vivência.

De tanto caminhar! Já me perdi!

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar!Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou nesse mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e não sei nada
E as torres de marfím que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar morto:
Mar sem marés,sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram!

Caravelas doiradas a bailar...
Aí quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida,e não voltaram!...


Florbela Espanca

O caminho faz-se ao andar...



"Caminhante, são teus rastos
o caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar."
Antonio Machado

Expressão


"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
( Friedrich Nietzsche )

sábado, 2 de outubro de 2010

Caminhos...


“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva?
Não perguntes, segue-o”.
Nietzsche


O único caminho que acredito é o caminho do auto conhecimento.

As flores que florescem do lado de fora...

“Uma das coisas mais trágicas que eu conheço sobre a natureza humana é que todos nós tendemos a adiar a vida. Estamos todos sonhando com algum jardim de rosas mágico no horizonte – ao invés de aproveitar as rosas que estão florescendo no lado de fora de nossas janelas hoje.”
(Dale Carnegie)

Paz



"Se a tranquilidade da água permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito?"