quarta-feira, 2 de maio de 2012

Perco sempre a medida



Meu coração, coisa de aço

Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.
Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
protejo-te num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.

Meu coração, coisa de aço,
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.
Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

Cecília Meireles


3 comentários:

  1. Você postou uma poeta de primeira grandeza! Gosto demais de Cecília Meireles, o poema 'Retrato' e 'Motivos' são outras pérolas. A gente lê e relê e cada vez se identifica mais. Estive dando uma olhada no seu índice, você tem coisa muito boa. Florbela Espanca também é uma das minhas preferidas. Gostei de seu blog, estarei por aqui...
    Um beijo pra você.
    Tais

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  2. Tais agradeço sua visita e suas dicas são ótimas, em breve postarei algo da Florbela, tb gosto muito dos escritos dela. Eu ambém tenho visitado o blog Das Artes, tem muita coisa boa e eu estou sempre buscando algo mais.
    Sua presença aqui é sempre bem vinda.
    Beijos

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  3. Belo blog e parabéns pelas poesias desta grande poetisa. Um abraço. valeriasouza-telas.blogspot.com

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