segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Conhecer-se será arte?
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)
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Poesia em pleno carnaval é para poucos.
ResponderExcluirFaço parte do seu time...
Um beijo !
Bom dia!
ResponderExcluirFeliz em conhecer seu blog e ler tão encantada poesia.
Grande abraço
Se cuida
2012 começa muito bem! Releio o poema acima e "me espanto" que é o substancial do bom poema. Obrigado.
ResponderExcluirAgradeço as visitas e comentários.
ResponderExcluirO poema do Gullar é bem conhecido mas, sempre emocionante. E me surpreende agora pois, percebi que já o havia postado num outro momento.
Abraços
Repetir, neste caso, é retraduzir-se: necessário, sempre.
ExcluirDe partes em partes formo o mosaico de minha vida inteira!
ResponderExcluirLindo poema Elenir!!!
Beijos da Mari (As cores que sou)